professor, poeta e escritor

Ronald Claver

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Nascendo com São Francisco

 

Ele nunca entendeu como aquela

Agüinha de nada que nascia aqui e ali

Numas mirradas minas e bicas no alto da Serra da Canastra

Poderia virar um São Francisco.

Como aquela agüinha que cabia em suas mãos

Iria um dia virar mar?

E em Pirapora, São Romão tornar-se imemorial, intenso?

É como o amor, pensou.

Começa a num desaviso,

Num não querer querendo

Num começar crescendo

Até assumir a sua forma definitiva e corpórea

Ai já estamos imensos

E desagüamos no outro o nosso tanto.

 

ronald claver

Poema do encontro

 

Para o nosso encontro vou levar
um vaso de primavera para ninguém chorar
um canteiro de margaridas e algumas estrelas cadentes
um verso safado do Gregório Matos e uma canção de ninar de Debussy
um coração em pânico e aos pulos e a uma pedrinha de encantamento

Levarei também uns anjinhos safados para enfeitiçar nossas mãos e os girassóis de Van Golh para incendiar nossos olhos
uma paixão desmedida de Drummond

 e os cantares do cântico dos cânticos

e um beijo guardado a sete selos

 

ronald claver

CÂNTICOS

 

beija-me

com os beijos

de sua boca

 

beba-me

com a sede

de seus rios

 

queira-me livre, leve

levemente dolorido

de luar

 

queira-me

com os quereres

de sua ternura

 

deseja-me

com as carícias

de sua paixão

  

quero anoitecer

em seus olhos

de eternos amanheceres

 

te quero perto

do coração

dentro do coração

de corpo inteiro

 

Ronald Claver

Verde verão

 

Na esquina do poema te encontrei.

 Sua boca sensualizava beijo, molhado corpo revelava o mapa dos desejos: bicos, boca, bunda eram naus, ilhas, rios, montanhas e outros relevos e mares.

No portal do encontro, rabisquei palavras perigosas e me perdi em seu fogo.

Preciso dobrar a esquina deste poema e caprichar na caligrafia de seu corpo

 

Ronald Claver

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